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«A Rambóia»

Apesar de estarmos num tempo, em que cada vez mais se perde a familiaridade com o livro em favor, de forma quase exclusiva, das novas tecnologias, como se um livro fosse algo de obsoleto, antiquado, fora de moda e, portanto, algo a arrumar e a esquecer no sótão do nosso imaginário, a Banda Marcial de Fermentelos avançou, em 2009, com a apresentação pública de um memorial da sua história e das suas raízes.

Tratou-se, por isso mesmo, de uma decisão consciente da falta de interesse pelo livro que vai grassando por todo o lado, e das consequências nefastas que daí têm surgido.

No entanto, a obra apresentada é o resultado da conjugação do esforço de muitas pessoas, e que visa, fundamentalmente, retirar a existência da Marcial do rodapé da história da filarmonia.

É, está bem de ver, uma história em traço grosso mas que não ignora os pormenores mais importantes da Banda Velha, trazendo à ribalta alguns factos que já têm o pó de, praticamente, um século e meio.

No entanto, esse livro não visa apenas impedir o esquecimento desses factos; procura, isso sim, de uma forma clara e sagaz, dar vitalidade à importância que os 140 anos da Marcial têm, indiscutivelmente, no panorama filarmónico nacional, disponibilizando a todos os interessados fragmentos de uma história que é, de algum modo, um pouco da história da evolução sócio-musical do nosso país.

Ao mesmo tempo, realiza um antigo sonho de todos os membros da Família da Rambóia, corporizado por António Adaíl Pires da Rosa e que por vicissitudes diversas foi sucessivamente adiado.

Enquanto memorial da história e das raízes da Banda Marcial de Fermentelos, se outra virtude não tiver, ao menos que esse Livro emblematicamente intitulado “A RAMBÓIA - 140 Anos de História”, consiga colocar na História as circunstâncias que fazem com que em Fermentelos não deva haver uma só família que não tenha, ou haja tido, alguém ligado à música e à filarmonia.

Os parágrafos curtos de “A RAMBÓIA - 140 Anos de História”, condensam as ideias de alma do seu autor e perpassam mensagens que, em toda a obra, se assumem como porta-vozes das inquietações de toda a Família da Banda Velha.

Nesse memorial, conta-se como a Marcial de Fermentelos não se deixou dominar ou, mesmo, controlar pelo poder político, tendo construído a sua própria liberdade, um episódio acontecido quando a Banda fez a sua segunda apresentação pública, depois de a rapaziada ter tocado superiormente em despique com a Música de Águeda: Jacinto da Calva, que tinha comprado o instrumental, pôs à prova o orgulho dos jovens confrontando-os com uma exigência - ou se inscreviam no seu partido político e nele votavam, ou lhes retirava os instrumentos.

O resultado não podia ter sido outro: os músicos não aceitaram, mas não ficaram entregues à sua sorte; um grupo de fermentelenses, arranjou o dinheiro necessário para comprar um novo instrumental, com liberdade para os jovens procederem como quisessem politicamente.

É igualmente referida a contribuição das mulheres para o crescimento de Fermentelos e da Marcial, ilustrando-se com  testemunhos a  grandeza social de quem carregou instrumentos em canastras, calcorreando quilómetros e dormindo em celeiros, para usufruir de recompensa semelhante à dos músicos homens, apesar de apenas em 1984 ganharem o direito de ser como eles: executantes da Banda Velha!

Outra pequena história da grande História da Banda Velha é referida em A RAMBÓIA - 140 Anos de História”: a história relativa à construção da sede, referido como um dos momentos mais ricos da solidariedade e capacidade de realização da “Família da Rambóia”, por intervenção de directores, executantes, sócios e simpatizantes da banda, em que uns participaram financeiramente ou deram materiais, e outros intervieram na obra com o seu trabalho, dias e dias.

“A RAMBÓIA - 140 Anos de História” é justamente isso: um traço de união, uma ligação directa, através do texto, entre alguém que sente e escreve, e aqueles que não conseguem expressar em palavras os seus sentimentos, que homenageia aqueles que honram da melhor forma a sua Banda e a sua terra, quer de uma forma directa, quer com uma intervenção na cidadania.

O que este Livro faz pela Banda Marcial de Fermentelos nem sequer chega a ser o cumprimento mínimo de uma obrigação; trata-se, isso sim, de reconhecer o extraordinário valor cultural de uma instituição que, há quase um século e meio, se mantém ininterruptamente ao serviço da música e que contém uma original e multifacetada filosofia da cultura.

Encadernar 140 anos de uma instituição numa obra é uma verdadeira ousadia; mas a apresentação deste Livro foi, por isso mesmo, um acto de homenagem, uma justíssima homenagem, importa sublinhar.

E por isso, o Livro “A RAMBÓIA - 140 Anos de História” tem o sabor de um encontro com vários reencontros, que apresenta e demonstra uma rara cultura de afectos.

 

Título - A RAMBÓIA - 140 Anos de História
Autor - Alfredo Barbosa
Design - Carlos Alves
Consultores - Adaíl Rosa e Mário J. F. Pinto
Impressão e Acabamentos - Sersilito - Empresa Gráfica, Ldª - Maia
Edição - Edições Universidade Fernando Pessoa                                                     

Apresentação - 20 de Março de 2009, Salão Nobre da Câmara Municipal de Águeda

Depósito Legal nº 290303/09
isbn nº 978-989-643-024-5

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